atravesso o campo em verde, a alameda em pedra, o caminho em terra solta. em todo o percurso encontro flores novíssimas, jorros de cor a brotar no chão, suplicando que lhes leve as formas de luz, que com elas pinte quadros, que as litografe no olhar.
tiro a máquina de fotografar. enquadro, toco o obturador. e então, a realidade acerta-me no âmago, como o sol, violentamente azul, apercebo-me do absurdo de aprisionar a imagem das flores. porquê? para quê? a mim faço perguntas irrespondíveis.
liberto compulsivamente as flores: a imagem a elas pertence, como a solidão pertence a mim.