no cerro havia o tesouro escondido pelos romanos, ouro sem fim, moedas como as do museu, brilhantes, despojos de terras alonjadas, ajojando carretas de invasão, escondidas antes de batalha, esquecidas na fuga ignominiosa.
fazíamos espadas de madeira, e capacetes de cartão, e armaduras de papel, e sandálias de sapatos, e excursões de sábado, e mapas de almaço. desenhávamos o cerro, e alinhávamos bússolas e teorias, astrolábios de mão e pêndulos de tournesol. vedores de tesouros, de ouros, sem dores, só ilusões.
compro os lápis, HB, 2B, 4H, compro o caderno de almaço, traço a mina rija o esboço do mapa, re-traço a mina branda, refaço, redesenho. os meus mapas são precisos, rigorosos, perfeitos. neles afirmo o local do tesouro. tenho a certeza de que onde eu o marcar, aparecerá. tal como o tesouro dos romanos em fuga, o que nunca encontrávamos, mas que, no fim de sábado, sempre trazíamos.