havia qualquer coisa de deus entre os homens, nele. a indefinível qualidade dos deuses que foram criados à imagem e semelhança dos homens, dos deuses mais humanos que os seus criadores.
não lhe eram desconhecidos: frequentava-os, frequentavam-no. sabia-lhes das fraquezas e das glórias. imitou-os nestas, escolheu seletivamente aquelas. ainda hoje não sei se os copiou, ou se foram eles que o imitaram, os deuses.
ontem faltou-me, de novo. falta-me com frequência. a morte encontrou-o há já demasiados anos, com a idade que tenho agora.
imagino-o sentado com eles, a orientá-los, com as suas palavra exatas, precisas, divinas, no fundo. felizes os deuses por o terem por lá. por isso o levaram, tão cedo, também lhe sentiam a falta, por certo.
como os entendo: afinal são humanos, os deuses.