se eu fosse japonês, comeria sushi com a mão, segurando dextramente a peça com os dedos, abocando-a em gesto rápido, deglutindo-a com samuraiana precisão.
assim dito, evidenciaria a minha incivilidade, a minha deselegância, a minha rudeza, até. mas sei, de provar outras iguarias, que a mão, os dedos, não só fazem parte da experiência completa, como sem ela, sem eles, não há completitude, não há experiência, sequer.
sei como comeria se o fizesse com a mão. sei do ritmo, do preceito, do ritual a seguir para a degustação ideal. apenas uma convenção, única e irrisória, se interpõe entre mim e a plenitude. agora que a barreira se visibiliza, não sei quanto tempo resistirá. o do silvo de um sabre, suponho.
ao interiorizar o hábito, como se viera do sol nascente, torno irreversível a minha opção, as minhas mãos retornam, por fim onde pertencem.
ao meu inteiro controlo.
ao meu inteiro controlo.