14.12.14

primeiro que todos

ele morava no mundo, que era a rua, mas na verdade, não morava no mesmo mundo que todos, porque tinha um mundo só dele. vivia três portas acima da casa grande e quando saía, a mãe, ficava a olhar enquanto brincava com os outros. era maior que nós no tamanho, enorme na idade, gigante no varejo dos seus passos magérrimos, em perpétua corrida.

acho que foi antes do pequeno-almoço que me disseram que ele não ia correr mais: foi o primeiro  a morrer no mundo. foi ele que abriu o caminho aos incontáveis que foram depois, enquanto o mundo se foi enformando até ao tamanho de agora.

já não tomei o pequeno-almoço. talvez me tenham obrigado a almoçar, mas ao menos, não me impediram de chorar.

e como o fiz nesse dia: por ele, e logo por todos os que o seguiram.